Sala de Interrogatório 06

Relembrando a primeira mensagem :

A sala é simples, completamente de concreto, mas, existe uma espécie de magia peculiar que inibe manifestações de magias dentro desse recinto. Uma mesa de metal, parafuseada na mesa, sendo que, entretanto, não tem um vidro para acompanhar o interrogatório e cinco cadeiras presentes no local, igualmente de metal.

Ikeel puxara uma cadeira, se sentando ao lado de Phoenix e encarando Pierre com uma expressão preocupada. Cruzou as pernas, se endireitando no assento, claramente incomodada com a situação.
 Suspirou, tentando não transparecer o nervosismo por estar acompanhada de desconhecidos, em especial do gênero oposto. Pelo visto ainda não havia superado totalmente o trauma de infância.
 Respirou fundo, cruzando os braços abaixo dos seios e inclinando a cabeça em direção ao chão, como se estivesse com frio.

Entrava acompanhando os outros dois, então ficava encostado em um dos cantos da sala com as mãos nos bolsos. Encarava o garoto, seu olhar era frio, mas tentava não ser ameaçador. Desviou rapidamente o olhar para Ikeel, ela parecia estranha, mas ficaria apenas de olho na cena por enquanto.

Com a chegada do trio, Pierre os olhou atordoado e ainda demorou um pouco para  responder a pergunta feita por Phoenix, no caso apenas depois que os outros tomassem seus "lugares" que iria se manifestar.

-... Eu... Não tenho o que falar... - Ele olhou para baixo dando um sutil suspiro. - Eu sou só eu... Eu gosto de mexer com computadores, jogos, mas... Não sou exatamente um grande magi.

Ikeel já estava ficando impaciente. Já havia interrogado o garoto antes, porém não havia conseguido nada. 
 Respirou fundo, lançando uma pergunta direta:
 - Você está com medo, ou tentando proteger alguém? Se você sabe algo, por favor, diga! Vinte e cinco mortos, isso não é brincadeira, e, nesse exato momento que estamos perdidos, sem informações, esse número pode muito bem aumentar. Qualquer pista, qualquer informação, qualquer detalhe inútil é melhor que nada!

Edgar ficava ainda encostado no canto da sala, ele tentava prestar em pequenos detalhes do que o garoto mostrava com os movimentos de seu corpo e em suas falas, porém para que ele conseguisse analisar esses detalhes ele precisava que o garoto falasse e com isso lhe veio uma ideia.

--Que tal fazermos assim garoto, se você colaborar conosco eu te pago algo que você quer. - Falava sem muita confiança que ele aceitaria algo assim por ser da família de um dos lideres que deveria ser bem mais rica que ele. Mas era uma ideia que passava pela sua cabeça.

--Vamos, pode ser qualquer coisa, até ir para algum lugar de seu interesse ou conhecer alguém. - A segunda parte, não era certeza, mas tinha de arriscar.

Pierre era mais fácil de se ler do que olhar o que acontece dentro de uma água cristalina. Sua expressão corporal de modo geral era tenso e seu olhar era assustado, passava entre cada um dos presentes e chegava a engolir em seco quando Phoenix lhe tocou a cabeça - mas a menção do Boris o deixou ainda mais rigido e um temor ainda maior ficou claro.

- E-Eu...

Não tinha realmente nenhum desejo que quisesse pedir do Edgar. Seu olhar passou entre os presentes, quase como se naquele gesto estivesse buscamdo confiança naquelas figuras ali  e acabou suspirando. Os olhos ficaram marejados e ele olhou para baixo.

- Eu nunca quis que nada disso acontecesse! Nunca... Nunca me falaram que pessoas iriam ser machucadas. - Não demorou para começar a soluçar, tremia inteiro. - Eu quero ajudar! Eu não quero mais ninguém machucado... Mas... Se eu falar... Eles vão ficar com raiva de mim!

O garoto começou a chorar, e ficou assim durante uns dois minutos antes de conseguir se acalmar para poder falar de novo.

- Eles... O Boris me deu o crachá dele para eu ajudar os amigos dele... Eu não sabia o que eles iam fazer no terceiro andar... Um deles me levou para o sexto onde... Eles usaram minha mana para poder acessar ali... - Acabou soluçando de novo. - Desculpe..!

Ikeel não pôde conter o sorriso ao ver que Pierre começara a falar. Finalmente haviam chegado em algum lugar!
 - Obrigada, Pierre, você está sendo de grande ajuda. Se tentarem tocar um dedo em você, nós não ficaremos quietos. Pode contar com a gente. - E fizera uma breve pausa, prosseguindo. - Quem são "eles"? Por que estão fazendo isso?

Sorria em saber que o garoto começara a falar, parecia mais aliviado e esperava que esse alivio geral fizesse o garoto ficar mais a vontade e se sentir seguro. Se aproximava então da mesa apertando o pause da gravação do celular de Phoenix.

--O que me diz garoto, confiaria sua vida a mim, um espirito heroico? - falava com um tom com certa confiança. - apertava novamente o botão do celular para continuar a gravação.

O garoto ficou em silencio olhando para aquelas pessoas que lhe estimulavam para poder falar algo, um tanto hesitante e sem jeito, ficou com aquela expressão confusa para Edgar ao falar de espirito heroico e acabou abaixando o olhar.

- Não sei quem eram... Eles... Estavam usando mascaras e estavam totalmente cobertos... - Suspirou. - Mas... Boris não fez nada! Eles... Apenas me levaram para lá e depois mexeram nas coisas depois que manifestei minha mana...

Seu olhar continuava baixo e acabou soltando um soluço, levando as mãos ao rosto.

- Eu não queria... Não sabia que isso iria acontecer..! Desculpe...

- Ou condenar o restante de nós. - Ikeel dera de ombros, cruzando as pernas de maneira que soasse dramático. Talvez pesar na consciência ajudaria-o a abrir a boca e contar tudo.
 Bem, pelo menos já tinham uma boa quantidade de informações. Talvez devessem interrogar o Borislav, mas temia que isso pudesse erguer suspeitas quanto a Pierre tê-lo entregado.
 Voltou o olhar para o restante da sala, procurando qualquer câmera, gravador ou coisa suspeita, por mais que já pudesse ser tarde. Queria ter feito isto antes, mas simplesmente se esqueceu de checar. Esperava seriamente que não tivesse nada lá.

Continuou perto da mesa com a mão direita apoiada na mesma e com a esquerda na cintura se curvando para cima do garoto, tentava notar se ele parecia meio hesitante em falar algo. Apesar de terem se aberto com o garoto para faze-lo confiar neles, essa era a hora que teriam que pressiona-lo a contar tudo, afinal é necessário se impor para assustar a criança mais das consequências que poderiam acontecer caso não contasse do que aconteceria caso contasse.

--Por favor, conte-nos tudo mesmo do que você se lembra, pode ser até detalhes nas máscaras, isso pode ser importante e se demorarmos mais aqui quem sabe o que esses caras não podem fazer durante esse tempo, talvez se demorarmos mais um minuto todos lá fora estejam mortos. - Realmente tentava se impor sobre o mesmo nessa hora.