Igreja

Notou a encarada breve, aquilo lhe apertou ainda mais. Olhou pra baixo, tentando se conter, respirou fundo algumas vezes antes de conseguir levantar um pé atrás do outro.

Acabou parando um pouco atrás do banco onde Shibaki se encontrava, veio a respirar fundo de volta, fungou, ergueu a mão para limpar o rosto e engoliu em seco. Pensou em erguer o rosto, mas acabou olhando Shibaki... E, mesmo sem querer, sorriu sutilmente.

-... Choi. - Lembrou-se da correção que ele havia feito anteriormente. -... Pode me odiar. Mas, não jogue a sua vida fora. Pai, filho... Independente disso somos todos seres humanos independentes, ou homunculos, mas... Sinceramente, eu... Acho que é melhor viver da forma que desejamos do que uma eternidade servindo... Obrigada por tudo.

No fim, conseguiu dizer aquelas palavras mesmo que estivessem tomadas de um tom choroso, fechou os olhos brevemente e suspirou.

-... Meu amor pode não ser como desejava, mas, certamente eu o amo. Por isso, por favor, não jogue o pouco da sua vida fora.

Ergueu a mão mas ela parou no meio do caminho. Não. Não iria fazer aquilo. Respirou fundo de volta e tentou se recompor antes de seguir andando em direção das escadarias que seguiam por uma das portas internas. Seguindo o caminho que viu em seus sonhos.

*Shibaki permanecia olhando para frente e ao ser chamado apenas de "Choi" acabou sentido-se como seu pai, afinal, era ele que era chamado dessa forma boa parte das vezes, Choi, senhor Choi, Choi-san, enfim*

-Eu não tenho alma Lucca e fui criado pelas mãos de um homem, ser independente é ser dotado de livre arbitrio que é dado por Deus aos homens que possuem alma para terem esse direito, nesse corpo habita apenas emoções e vontades que espelham a de outrem, eu sou apenas algo que sobrou do meu pai e que assim como ele foi um dia agora está desaparecendo e apenas isso, não se iluda achando que só por que eu pareço gente que eu acabo sendo como um de vocês, a unica diferença entre mim e um boneco comprado no shopping é que eu não preciso que apertem um botão para que eu fale algo e eu tenho uma breve noção sobre as coisas embora essa noção se resuma aquela que meu criador acha que eu devo possuir, nada além. -Fechou os olhos rubros e uniu as mãos enlaçando os dedos sobre o próprio colo.

-Minha vida jamais foi minha e assim será até que meu prazo de validade vença, mas eu tenho sorte, diferente de vocês humanos, quando eu morrer meu sofrimento vai acabar no vazio, já vocês ainda terão que seguir além da porta, seja para cima, seja para baixo. 

Parou na porta ao ouvir aquelas palavras e sorriu brevemente, vindo até a fechar os olhos e rir baixo antes de voltar o olhar para Shibaki.

- Todas as nossas emoções e memórias são projetadas no Além e lá elas permanecem por toda a eternidade. Bestas fantasmais ou seres espectrais também em si não são almas, tanto que bem magia de fato eles usam, mas... Você os vê se importando com isso? Talvez... O que eu realmente amo sobre eles é que eles não se importam se a existência deles tem um começo ou fim, eles existem e sabem seu propósito, mesmo que tenha sido algo colocado de outras pessoas. - Suspirou, olhando para as escadarias. - Talvez... O que eu acho realmente disso é que é patético ver uma existência cedendo sua existência para outra pessoa. Foda-se que seus sentimentos foram de outra pessoa, ou mesmo sua existência se resume a outra, afinal de contas nós humanos também vivemos a mercê de uma adaga que pode cortar nossa garganta, ou mesmo durante nossa infância nossa personalidade é definida pela criação, ou mesmo durante a fase de gestação podemos ser abortados... Seu pai está, de fato, certo sobre algumas coisas. O mundo é cruel. Mas... Eu acredito que podemos fazer nossas vidas melhores, e ajudar outros, mesmo que ele não acredite na bondade, eu não dou uma foda para isso.

Suspirou brevemente e virou o rosto para Shibaki, sorrindo quase fraternalmente.

- E, talvez, meus sentimentos e memórias junto com as suas podem criar um ser espectral Shibaki Narukami... Talvez sua existência pode ter surgido apartir do Houko, mas para milhares de pessoas você foi o idol delas. Independente do que Houko pode tentar fazer, nada vai apagar os momentos que tivemos e nem o que você sentiu, a verdadeira prova que está vivo. Afinal... A sua diferença de um boneco é que acho que pelo menos o boneco iria tentar viver de fato.

Parou na porta ao ouvir aquelas palavras e sorriu brevemente, vindo até a fechar os olhos e rir baixo antes de voltar o olhar para Shibaki.

- Todas as nossas emoções e memórias são projetadas no Além e lá elas permanecem por toda a eternidade. Bestas fantasmais ou seres espectrais também em si não são almas, tanto que bem magia de fato eles usam, mas... Você os vê se importando com isso? Talvez... O que eu realmente amo sobre eles é que eles não se importam se a existência deles tem um começo ou fim, eles existem e sabem seu propósito, mesmo que tenha sido algo colocado de outras pessoas. - Suspirou, olhando para as escadarias. - Talvez... O que eu acho realmente disso é que é patético ver uma existência cedendo sua existência para outra pessoa. Foda-se que seus sentimentos foram de outra pessoa, ou mesmo sua existência se resume a outra, afinal de contas nós humanos também vivemos a mercê de uma adaga que pode cortar nossa garganta, ou mesmo durante nossa infância nossa personalidade é definida pela criação, ou mesmo durante a fase de gestação podemos ser abortados... Seu pai está, de fato, certo sobre algumas coisas. O mundo é cruel. Mas... Eu acredito que podemos fazer nossas vidas melhores, e ajudar outros, mesmo que ele não acredite na bondade, eu não dou uma foda para isso.

Suspirou brevemente e virou o rosto para Shibaki, sorrindo quase fraternalmente.

- E, talvez, meus sentimentos e memórias junto com as suas podem criar um ser espectral Shibaki Narukami... Talvez sua existência pode ter surgido apartir do Houko, mas para milhares de pessoas você foi o idol delas. Independente do que Houko pode tentar fazer, nada vai apagar os momentos que tivemos e nem o que você sentiu, a verdadeira prova que está vivo. Afinal... A sua diferença de um boneco é que acho que pelo menos o boneco iria tentar viver de fato.

*Shibaki abria seus olhos e mantinha o olhar em suas mãos para logo então subir eles para Lucca mantendo certo foco na mesma, aqueles comentários dela realmente estavam o irritando*


-Vá para o inferno com esse seu discurso moralista, não existe isso de bondade ou maldade, existe apenas a forma como você e os outros veem as coisas, do que é conveniente ou não é, se convem é bom, se não convem é ruim, mas nem tudo o que convem a você convem para mim, o que torna bem e mal coisas relativas e não absolutas, logo, não existem de fato, apenas o conceito tão falho quanto o socialismo e o mundo não é cruel, as pessoas que são, se você plantar uma semente e cuidar dela direito uma arvore vai nascer e não vai hesitar de ceder seus frutos, já um homem mesmo bem criado pode se voltar contra seus pais e mata-los pela herança, não é mundo que causa desigualdade e sim os homens e seu egoismo ao precificarem as coisas, você, meu pai, até mesmo o padre dessa igreja, todos vocês querem apenas o que convem a vocês, seja criar seres como eu, seja para usar um artefato onipotente para depositar sua vontade enquanto ceifa a de outros como se isso não fosse ser um ato tão cruel quanto os demais, afinal, todos são bons, todos são maus, tudo depende do ponto de vista e enquanto você apenas focar no seu e não ter uma visão neutra das coisas, nada te diferencia do Reed ou do meu pai que pode sim simplesmente apagar de mim, e se ele apaga, logo nunca aconteceu, ao menos não para mim. -Voltou o olhar para trás ao ouvir seu nome sendo citado, ela realmente havia chego em um momento como aquele? Maldição, acabou piscando os olhos de iris vermelhas e sorrindo fino para Minaka.


-Minaka... -Manteve a observando se aproximar e sentar-se em seu lado, acabou por então levar a mão ao topo da cabeça a afagando, faltou muito pouco para ela ouvir o que ele havia dito, foi por muito pouco.

-Achei que havia desviado do caminho e acabei chamando o Dante, em breve ele chegará, de qualquer forma, eu acabei vindo para cá já que eu e o pai terminamos nossos afazeres. -Mantinha-se sorrindo para ela por ser um otimo ator desde sempre, acabou até mesmo fechando os olhos demostrando certa felicidade e afeição em ve-la por mais falso que isso acabasse sendo sem que ela acabasse percebendo.

A coelha foi cantarolando o caminho inteiro em seu constante bom humor, balançando as orelhinhas durante o caminho até enfim chegarem. Saiu dando um pulinho para então fechar a porta e seguir logo atrás da Minaka quando foi chamada, todavia, ao ser lembrada de estar numa "Casa de Deus", acabou inclinando a cabeça para o lado.

- Você se importa com isso? - Riu baixinho. - Tudo bem~

Adentrou em seguida na Igreja, observando os arredores até  notar a presença da loira ali dentro. Inclinou a cabeça suavemente para o lado, vindo a olhar Shibaki em seguida. Havia notado a mudança súbita, Minaka podia não ter notado mas ela sim.

- Hm?

Foi caminhando em direção da loira, averiguando suas roupas sem tocá-la, chegando a fungar brevemente o ar.

- Mato... Onde esteve?

O tom foi brincalhão como sempre mas dava para notar certa seriedade. Quando se levantou notou o ponto avermelhado e pulsante sobre o peito de garota e soergueu as sobrancelhas ao ver aquilo.

- O que--

Suas palavras foram interrompidas por Dante - assim como sua linha de pensamento.
Supostamente a alegria que iria demonstrar deveria ter sido destinada para Shibaki, mas... Depois de tanto tempo somente com o albino, estava mais confortável com o mesmo. Por isso acabou abrindo um grande sorriso e literalmente correu de braços abertos em direção do Dante para vir a pular em cima do mesmo.

- Danteee~ - O abraço foi apertado, e o tom, choroso. - Senti falta~

Fez até mesmo um biquinho, pulando, e por consequencia se esfregando, contra o homem.

A garota foi acompanhando Minaka com um certo tom apático, mas sentia-se contente que poderia permanecer com eles - apesar do "pai". Seguiu junto com o grupo até a reunião calorosa dentro da igreja a qual esboçou um pequeno sorriso.

Seu olhar foi para a garota loira em seguida, soerguendo a sobrancelha.

- Ela não é um membro do clero. - Falou com certeza. - Quem é você?

Aquelas palavras não a machucavam mais, ao contrário... Uma expressão triste dominou o rosto da garota que agora observava Shibaki falando. Não havia de fato algo que pudesse falar para argumentar aquilo, mas...

- Não vo--...

Suas palavras foram interrompidas ao ver Minaka chegando com a garota de cabelos azuis. Uma pontada de ciúmes cresceu no seu coração ao ver a interação entre os dois junto com um sorriso tristonho.

- Entendi...

Já havia interpretado que aquela seria a verdadeira "jurada" para Shibaki, então seu olhar seguiu para baixo. Uma explosão de emoções se apoderou da mesma, e acabou apertando o punho esquerdo suavemente. A corrupção cresceu momentaneamente com seu silêncio, todavia seu momento foi "quebrado" quando a coelha se aproximou subitamente, a fazendo recuar o rosto por instinto.

- U-Uhm? - Acabou rindo de canto. - Você é bem esperta, huh?

Todavia, acabou "ocultando" o "Graal" após Leneth já o ter percebido. Estava com um pouco de medo, tinha que admitir. Raciocinava uma maneira de sair da situação quando as portas se abriram e soltou um grito por instinto.

- Hahah...

Ficou vermelha, sem jeito, mas sentiu-se aliviada que Leneth se afastou, soltando um suspiro. Nos instantes seguintes observou com um tom triste a reunião da família, lembrando-se da sua. Nunca foram unidos ou tiveram intimidade, nunca foram realmente de fato uma família. Seu olhar caiu sobre Shibaki, percebendo que... Apesar de tudo ou apesar dele não saber, ele tinha algo mais valioso do que o Graal, algo que ela sempre desejou.

Ciúmes, inveja, esses sentimentos começaram a se apoderar dela e estava prestes a chorar quando ouviu a voz do rapaz seguida da outra loira, ergueu o olhar atordoado e teve que limpar a garganta para poder falar. Shibaki podia ser um bom ator, mas ela era transparente.

- De-Desculpe... Não... Sou de fato da Igreja. - Admitiu, suspirando e desviando o olhar. - Mas Padre Clemence deve já estar chegando.

Continuou com a mão cobrindo o "Graal", sentindo seu calor se espalhando lentamente ao ponto se ter voltado a ficar do tamanho do seu palmo. Seu coração doía apesar de não conseguir sentir dor.

Abaixou o olhar.

Por que não conseguia fazer seus sentimentos alcançarem ele? Por que... Suspirou, sentindo os olhos lacrimejando e acabou rindo.

- Eu sou apenas uma pecadora procurando redenção.

*Shibaki permanecia ali dando certa atenção a Minaka até então ouvir o estrondo na porta que o fez olhar para trás e percebendo ser Dante ele acabou sorrindo rindo sem graça mantendo os olhos fechados*
 
-Cioassu, Dante haha... Na verdade.. –Quando foi falar que Lucca não era bem o padre que iria atender a todos ele acabou sendo surpreendido pelo irmão que o acabou pelo pescoço o fazendo abaixar a cabeça e ouvir todas aquelas besteiras que o faziam levar a mão até atrás da cabeça ficando meio “sem graça”.
 
-Dante, evite os palavrões sim? Estamos na casa de Deus agora. –Comentou buscando manter aquele bom humor que atuava. Acabou voltando o olhar para trás ao ouvir a voz de Lucille e Sasami.
 
-Era isso que eu iria dizer, e bem, parece que agora estamos todos reunidos, todos os filhos, ou quase... –Acabou dando falta de Nerus ali e acabou voltando a coçar a cabeça, voltou então o olhar rubro para frente e ouvindo o que Lucca tinha a dizer ele acabou sendo tomado por ser seriedade.
 

“-Essa fala...” –Acabou se lembrando do próprio pai naquele momento em outras épocas onde aquela frase havia sido dita em outros momentos em tantos anos de vida, até mesmo perante eles que eram “tão novos” em relação ao cientista e por isso acabou se silenciando, para ela ter falado daquele jeito, ter falado como ele, só podia ser influencia dele. Sua linha de racionio acabou sendo cortada quando Leneth avançou em Dante, acabou então tombando a cabeça para o lado ficando com o olhar de "susto" começando a piscar os olhos rapidamente.

*Sasami mantinha-se acompanhando Lucille até proximo dos demais mantendo a mão sobre o ombro dela e agora permanecia ali parada apenas dando atenção aos acontecimentos sem falar muito por hora, apenas prestando devido foco*

-... -Reparando melhor nas falas de Dante, Sasami acabou voltando a atenção para Lucca a reconhecendo dos videos ao qual recebeu, realmente era ela que havia desviado Shibaki do "caminho certo", mas parecia que ele havia voltado, bem diferente do que costumava ser, parecia estar mais entregue assim como Dante e ela, todavia, era algo mais semelhante a Dante já que diferente dela era algo voltado a sentimentos fortes e negativos e não a neutralidade ao qual possuia.


-Shibaki... -A situação toda apenas a fazia refletir sobre as coisas já que desde pequena ela queria ser semelhante aquele moreno que sempre parecia ser o mais "desapegado" da familia, aquele que não se prestou a seguir com a medicina, aquele que batia de frente com o pai do jeito certo, enfim, basicamente o rebelde e exemplo que agora estava ali daquela forma, aquilo trazia lembranças de ditos do cientista.

"-Então realmente nada pode ser feito?" Algumas coisas são simplesmente inevitáveis, não é mesmo Baki? -Sentiu uma pontada de magoa ao perceber que realmente todo o ser pensante estava basicamente destinado ao mesmo fim caso não tivesse sua vida tomada a tempo, consequentemente ela seria a proxima a herdar aqueles olhos vermelhos e vazios, provavelmente.