Igreja

Apenas seguia atrás de Kaprasius. Minha expressão era diferente da dele, mesmo querendo parecer sério, a única coisa que minha expressão entregava naquele momento era desdém.

O padre estava no altar, com as mãos juntas em reza quando ouviu as portas se abrindo. O mesmo tornou o corpo e chegou até sorrir ao ver Kaprasius.

- Bom dia meu amigo, a que devo--... - Todavia, ao notar a expressão que o mesmo tinha, ele sorriu im tanto tenso. - Ora, acredito que não esteja aqui para conversarmos sobre filosofia e teologia, uhm..?

O olhar do Padre repousou sobre Hae e ele fez um pequeno aceno com a cabeça.

- Prazer em conhecê-lo. Eu sou Padre Clemence.

O velho teve que respirar fundo e juntar seus pensamentos antes de começar a falar. Nesses breves segundos sua expressão melhorou consideravelmente.

- Irmão Clemence, você sabe que não é bom mentir para mim, então vamos fazer um tratado de honra. - O mesmo estendeu a mão. - A Guerra do Graal.... Eu quero saber quais são as intenções da Igreja.

Assim que cheguei, notei que Kaprasius tinha um bom motivo para saber tanto dos outros: ele era conhecido.

Quando o padre se apresentou, tratei de fazer o mesmo instantaneamente — Prazer, padre. Sou Hae-il — inclinei meu corpo em reverência e então continuei a assistir Kaprasius. Ele era bom com as palavras. Direto, mas conhecia quem estava falando, por isto sabia como utilizar as palavras.

A expressão do rapaz ficou serena, apesar da seriedade ter tomado completamente o mesmo.

- Entendo. - O padre suspirou. -... A guerra... É algo um tanto complicado, meu caro Kaprasius. Atualmente está sendo uma disputa de poderes, não somente pelos envolvidos, mas também por aqueles que estão manipulando tudo. Imagino que vocês tenham sido alvos também.

Clemence deu alguns passos na direção dos bancos e se sentou, inclinando suavemente o corpo para frente.

-... A intenção da santa Igreja não é somente converter os cristãos, isso é algo que provavelmente a Seishikidan planejaria se ela estivesse envolvida... Vossa Santidade quer basicamente tornar o mundo no Eden mais uma vez, ou ao menos poder criar um canal onde Deus e os humanos possam se comunicar mais uma vez.

O silêncio da igreja parecia pesar sobre a cabeça do jovem, não dando para ver seus olhos, mas dava para perceber a tensão pelo seu corpo.

-... Eu não participei do ritual que chamou o Graal, eu estou aqui apenas como representante da vontade de Igreja.

- O quê..?!

O velho recuou um pouco o corpo, enfim sua seriedade sendo quebrada por surpresa, até mesmo um sorriso se formou no canto dos lábios dele. Não conseguia acreditar naquelas palavras, até iria perguntar se era uma brincadeira, mas, novamente, Kweg retornou e provou que tudo aquilo era verdade, Hae também era prova disso tudo.

Não era uma mentira. Não era uma história.
Era realidade.

Kaprasius respirou fundo e olhou para Hae.

-... Tem algo que deseja perguntar para ele, filho?

Acenei positivamente com a cabeça para Kaprasius e olhei para o Padre, com os olhos indiferentes de sempre.

— Padre, o senhor tem contato com aqueles que invocaram o graal?

O padre não conseguia levantar o rosto por alguns segundos, ficando em silêncio durante o tempo inteiro.

-... Sim, mas, não posso te passar como contatar eles. - O mesmo ficou de pé, tornando o rosto para eles.

Talvez fosse surpreendente como aquela expressão gentil havia sido tomada pela tristeza, até mesmo vergonha parecia ser perceptível pelos olhos cinzentos.

-... Você não vai ser capaz de se tornar mestre de um servo, Hae. Todos os nove foram convocados, todavia... - Ele suspirou, fechando os olhos. - Você ainda está marcado como um potencial mestre... Existe uma outra maneira a qual podemos te tornar... Capaz de lutar contra eles.

A pequena raposa branca Tenko apareceu enfim, surgindo literalmente logo ao lado do pé do asiático e pulou para ficar no ombro do Padre, que agora seus olhos mudaram para determinação.

-... Eu posso estar aqui representando a vontade do Papa... mas, eu não posso tornar minhas costas contra o mal que pode surgir disso. Vidas estão sendo arruinadas, e eu quero ajudá-las. Vocês foram arrastados para isso sem sequer sua benção, e isso não é certo. Por favor, peço sua ajuda para concertar os feitos de errado e eu te ajudo a se tornar mais forte.

— Era exatamente isso que eu havia pedido para eles. Então, por favor, me guie até essa solução — falei, enquanto um sorriso de canto tentou surgir, mas que logo foi apagado. No fim, fiquei em posição de reverência contra o Padre.

O padre acenou com a cabeça.

- Ótimo. Me siga.

Ele guiou o asiático para uma porta "secreta", na realidade ele levava para as catacumbas, onde, após o corredor, ele tratou de abrir seu próprio refúgio.

-> ???

Ô segui, assim como ordenado. Antes de desaparecer da visão de Kaprasius, lhe mandei um olhar que dizia "me deseje boa sorte".

De volta para a Igreja, o padre suspirou ajeitando as roupas, olhando por cima da ombro para averiguar que o asiático vinha logo atrás dele.

Assim que cheguei, dei uma olhada para Kaprasius, com um sorriso que confirmava que tudo havia dado certo e então avisei Pishacha.

— Este é o chefe da família, Kaprasius. Ele vai ajudar a gente a achar um corpo.

Assim, me aproximei de Kaprasius e me virei de volta para o Padre.

— Obrigado por me ajudar, com certeza farei que com nossos objetivos sejam cumpridos — falava em uma reverência, esperando Kaprasius liberar para podermos ir.

Kaprasius soergueu as sobrancelhas com aquele gesto.

- Com quem está falando, Hae?

Mas, deu para perceber o alivio do mesmo quando viu o rapaz são e salvo, indo até o padre e estendeu a mão para cumprimenta-lo.

- Obrigado, Irmão Clemence. Mas, ainda tenho um favor a lhe pedir. Gostaria de me reunir com todos os representantes das famílias maiores que se encontram na cidade, assim como representantes das organizações... E acredito que você seria capaz de prover tão situação.