Rua Principal

Relembrando a primeira mensagem :

A rua que cruza a cidade de um ponto ao outro, passando por toda área comercial e residencial. A partir dessa rua que se pode chegar em qualquer ponto da cidade, então é comum estar relativamente movimentada apesar de se tratar de uma rua em uma cidade pequena.

Abaixo o custo da movimentação sem Transportação:

-> Mercado -1 ST
-> Bar -1 ST
-> Blocos Residenciais -1 ST
-> Açougue -1 ST
-> Outros Bairros -3 ST
-> Delegacia -1 ST
-> Rio/Ponte -3 ST

O desconhecido riu de volta.

"Ah, é mesmo? Muito bem. Aguarde um pouco."

A tela não mudou, não houve qualquer alteração, até que repentinamente a imagem mudou para uma espécie de pátio, onde tinham duas garotas, desconhecidas para Hae, uma tinha cabelo azul longo e a outra era castanho, semi-longo. Elas estava despertando e olhavam ao seu redor assustadas.

"Essas duas acabaram de sair do hospital. Sabe, eu posso liberar as duas garotas que eu sequestrei para atrair sua atenção... Todavia, se você quiser que eu liberte as duas imediatamente, você terá de escolher uma dessas para morrer."

O homem riu, e logo a voz dele soou dentro da filmagem em si.

"Olá, peço perdão pelos meus modos. Gostaria que tivesse sido mais gentil com vocês, todavia, tais métodos foram necessários..."

A de cabelo castanho começou a xingar e demandar respostas, enquanto a de cabelo azul simplesmente olhou ao redor, assustada.

"Acalme-se, criança. Sabe, vocês podem ganhar a liberdade! Todavia, para isso, uma de vocês tem que morrer..." as duas caíram em silêncio. "Vocês tem a opção de matar uma a outra, ou então, esperar para que um completo desconhecido escolha qual das duas merece... Ele está assistindo essa situação inteira. Vocês podem escolher se matar, ou esperar que esse desconhecido escolha uma dentre vocês..."

— Não tenho pressa de libertar ninguém — falei, calmo — Não precisamos ter medidas drásticas como essa. Liberte todas quando quiser, só não as machuque. Estou aqui para conversar, de nada vai adiantar ficar fazendo vários tipos de ameaça — continuei a falar, mostrando que realmente estava calmo. Não podia arriscar dizer muitas palavras naquele momento, então escolhia à dedo o que dizer. Assim, algumas frases demoravam para sair, mas a calma em meu tom e expressão nunca saiam.

"Ameaça? Ah, não." O desconhecido riu de volta. "Isso tudo estava dentro dos meus planos. Apenas achei que seria interessante ter sua participação."

— Então, como início das minhas perguntas — falei, ignorando o fato dele ter falado aquela crueldade — Quem são vocês? E por que sequestrar essas quatros pessoas? — perguntei, ainda encarando a TV em minha frente. Esperava que isso tivesse um fim de livros infantis, final feliz e uma moral no final.

"Coordenadores. E sequestramos sem visar o fim de realmente ferir essas pessoas, apenas agimos conforme nossos interesses."

As garotas começaram a entrar procurar uma saída, mas só tinham duas portas, e ambas elas não conseguiam abrir. As portas eram de metal e pareciam ser realmente pesadas.

— Coordenadores da guerra? — perguntei — E seus interesses são ver duas garotas lutarem pela sua ganancia e ver a humanidade das mesmas serem destruídas em pedaço? — falei, tentando feri-los com palavras sérias, no entanto, sabendo que não seria muito efetivo, abaixei meus olhos por um momento.

Aquele pequeno momento em que abaixei meus olhos, fiz uma pequena reza para todos aqueles presentes e principalmente as sequestradas; pedindo perdão para todos os males que eles haviam feito e pedindo para receber aquelas crianças em seu palácio divino, mesmo que elas tenham caído na tentação da ganancia e esquecido do principal mandamento do amor.

"Nossa visão é muito a frente do que apenas isso, meu caro... E sabe qual é a diversão maior..?"

Enquanto ria baixo, a garota de cabelo castanho caiu no chão de joelhos, colocando a mão ao redor do pescoço enquanto engasgava. A de cabelo azul se inclinou na direção da mesma, chorando enquanto perguntava o que estava errado.

"Vocês nunca vão saber a verdade até o momento final."

— Vamos logo para o que querem comigo. Disseram que eu fui escolhido, mas por que me obrigar? Não tem outros candidatos? — perguntei, enquanto não olhava para a TV, mas para os outros parecia que sim. Encarava um pouco mais abaixo do objeto e não mexia a cabeça.

"Todos são importantes, meu caro. Seja por algum motivo, o Graal escolheu vocês. Estamos simplesmente agindo para ter certeza que você vai participar... A não ser que, sua vontade seja tanta, que eu não precise de reféns... Se for esse o caso, eu liberto suas amigas sem nenhum problema."

A de cabelo castanho caiu no chão, chorando sem conseguir respirar, enquanto a de cabelo azul estava se esforçando para ajudar ela. Todavia, as duas trocam algumas palavras, e a de azul passa a tentar sufocar a de cabelo castanho.

— Como você mesmo disse, fui escolhido pelo Graal. Acho que isso já é o bastante para dizer que não era necessário sequestrá-las, não acha? — agora, havia perdido um pouco da paciência, pois ouvia os sons angustiantes que vinham daquelas duas garotas. 

Contudo, ao menos eu não estava vendo-as, o que foi um pouco bom para manter a minha fé na humanidade por mais um tempo – mas não tanto.

"Muito bem então, irei liberta-las, você tem minha palavra."

A cena das duas garotas terminou, e voltou para a sombra da cadeira.

"Em breve sua invocação irá acontecer também."

O carro parou mais uma vez e a televisão voltou a tela azul. Um dos homens abriu a porta da van para que Hae pudesse sair.

— Avise para seu chefe que eu quero tentar algo novo — dito isso, saí da van e fiquei na rua, esperando que eles fossem embora. Iria confiar totalmente neles.

Naquela época, ainda não tinha perdido a esperança na humanidade, assim, ainda confiava nas palavras – mesmo daqueles que se mostraram extremamente cruéis. Mas, isso não ia durar tanto, em pouco tempo eu começaria a me tornar o que sou hoje.

A van foi embora enfim.

Extremamente cansado, me virei para aonde era a direção de minha casa e comecei a me dirigir até ela.

Lembro que, nesse momento, minha mente estava com duas partições – exatamente como aquela história do anjo e do demônio. Estas partições ocupavam o mesmo espaço. A do anjo falava apenas para participar da guerra em prol de não deixar que nenhum pecador fosse o vencedor e que nenhum inocente tivesse sua vida tirada, enquanto a do demônio dizia para parar aquela guerra de vez, destruindo tudo e todos.